As empresas, as universidades e as hard e soft skills neste novo cenário econômico

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As empresas, as universidades e as hard e soft skills neste novo cenário econômico


Data da publicação: 01/02/2021

No campo profissional, as palavras hard e soft skills são termos comuns num processo seletivo, indispensáveis para qualificar um futuro funcionário em uma empresa. Na verdade, as soft skills se contrapõem às hard skills, pois permitem compreender o comportamento que o candidato adotará dentro da empresa, do grupo e das suas funções. Aí voltemos a analisar: como são as formações universitárias nesta nova economia?
Skills, do inglês, significa “habilidades”. Isto é, uma conexão que deve existir entre a academia e o mercado. Se ambos os conceitos (hard e soft) falam sobre as aptidões de uma pessoa, logo não são algo intuitivo.

Não é possível traduzir os termos de forma literal, pois hard skills refere-se às “habilidades de conhecimento sólido” e soft skills às “habilidades interpessoais.” De forma racional, muitos profissionais são recrutados por suas competências técnicas e experiências desenvolvidas no campo profissional, em sua área de sua formação. O diploma ou certificado possivelmente traduz racionalmente essas competências para uma vaga.
As hard skills são habilidades formatadas dentro de uma metodologia de ensino que faz com que a pessoa aprenda algo desconhecido e crie habilidades para executá-las, mesmo não tendo grandes aptidões para a área, como, por exemplo, um curso de operação de máquinas, já que basta seguir alguns comandos e tudo funcionará.

Muitos cursos de formação superior ainda trabalham dessa maneira, o que não estava errado até alguns anos atrás. No outro ponto desta conexão, algumas empresas ainda presam por isto, pois é mais assertivo avaliar o currículo de um candidato para um cargo oferecido. Habilidades técnicas são certamente as mais fáceis de serem analisadas num formato de currículo tradicional. Há algum tempo as soft skills ganham notoriedade na hora da seleção para uma vaga, vivemos uma evolução do pensamento e de novas necessidades no mercado.

É preciso entender e avaliar que capacidades de soft skills são mais complexas de quantificar e reconhecer, pois são as habilidades sociocomportamentais, ligadas diretamente às aptidões mentais de um candidato e à capacidade de lidar positivamente com fatores emocionais, com questões que vão além de suas habilidades técnicas.

É impossível colocar em um certificado ou diploma essas capacidades. Elas abrangem toda a experiência psicossocial de uma pessoa, o que também faz com que sejam habilidades mais complicadas de serem ensinadas ou assimiladas. Aqui, entra o seu entorno familiar, sua forma de encarar problemas e soluções, sua capacidade de proatividade etc.

Hoje, nas empresas, nada adianta o funcionário saber lidar somente com ferramentas ou questões técnicas, se quando exposto às dificuldades e pressões ele não consegue enfrentar o trabalho colaborativo e mostrar sua capacidade de gestão estratégica. Daí o que vemos é o apagão de mão de obra e de bons profissionais, o que evidencia as dificuldades que a sociedade enfrenta com a oferta limitada de profissionais que pensam e agem de forma diferenciada diante das necessidades dos setores econômicos em transformação.

A universidade tem papel preponderante no novo processo de formação profissional e no desenvolvimento de habilidades de soft skills, o que pode ser feito por meio de atividades e práticas, tais como:

  • Projetos em que a participação em grupo propicie a vivência do coletivo em busca de
    sucesso em uma solução;
  • Dinâmicas de grupo que proporcionem aos alunos o senso de liderança;
  • Resolução de conflitos e proatividade;
  • Comunicação interpessoal – verbal e não verbal;
  • Criação de ambientes de projetos que possam trabalhar a capacidade analítica e sob
    pressão;
  • Gestão e intraempreendedorismo.
    Os novos profissionais com sólida formação técnica (hard skills) e visão de mundo mais apurada (Soft skills) farão diferença no mercado de trabalho e influenciarão o ambiente empresarial, com visão de conexões entre áreas e da necessidade de contar com equipes multidisciplinares para resolver problemas. Ou seja, profissionais de diferentes escalas devem ser capazes de gerir diretamente o andamento de algum processo. Essa capacidade é dependente tanto de soft quanto de hard skills.
    As habilidades técnicas jamais deixarão de ter uma carga menor nas matrizes curriculares, mas habilidades que serão mecanizadas ou deixarão de existir por processos de robotização devem abrir espaços para as habilidades sociocomportamentais, como a busca por soluções sem conflitos internos e o desenvolvimento de estratégias de menor custo, tempo e maior eficácia.
    • Como criar essas habilidades?
      Como vimos, tanto as hard skills quanto as soft skills podem e devem ser implantadas nas matrizes curriculares neste novo cenário que estamos vivendo.
    • Práticas com o objetivo de construir e fortalecer as aptidões técnicas, intrapessoais e sociais, e projetos intercursos com pensamento proativo e senso de liderança são fundamentais para os que universitários entendam que a sua formação superior passa
      além do nível técnico e que o mercado os espera para trabalhar em equipes mais eficientes e equilibradas.
    • Segundo o Fórum Mundial Econômico, neste momento da economia mundial, há três habilidades importantes: aprendizagem ativa, resolução de problemas complexos e pensamento inovador e criativo. Uma habilidade que não consta na lista e é muito importante é a colaboração, afinal, ninguém faz nada (significativo) sozinho.
    • Portanto, no desenho das matrizes curriculares é importante cultivar e aprimorar tanto as hard quanto as soft skills, pois elas serão passaportes para carreiras profissionais de sucesso.
    • Marcelo Silvani é designer e professor na Uniso desde 1996. Entre sala de aulas e coordenações, aprendeu que a universidade tem como missão apresentar o mercado de trabalho aos alunos e fazer com que eles criem conexões.

Marcelo Silvani

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